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Paralisação Histórica: Governo dos EUA entra em “shutdown” após impasse no Congresso

O governo dos Estados Unidos amanheceu nesta quarta-feira (1º) oficialmente paralisado. Pela 15ª vez desde 1981, o país enfrenta um “shutdown”, resultado direto da incapacidade do Congresso em aprovar o orçamento federal.

A disputa que mergulhou Washington em crise tem como epicentro a área da saúde, transformando o tema em moeda de troca política a menos de um ano das eleições legislativas de 2026.

O impasse político que parou a maior potência mundial

Democratas condicionaram a aprovação do orçamento à prorrogação de programas de assistência médica prestes a expirar. Do outro lado, republicanos liderados por Donald Trump exigem que saúde e orçamento sejam tratados em negociações separadas.

A Casa Branca não poupou palavras e classificou o cenário como “o shutdown dos democratas”. Já Trump elevou a tensão com ameaças diretas:

“Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, disse na véspera do colapso.

Tentativas de última hora fracassaram. A proposta final apresentada no Senado recebeu apenas 55 votos dos 60 necessários. Resultado: o governo está sem autorização para gastar.

Impactos imediatos: servidores afastados, salários suspensos e caos no turismo

Foto: Reuters

Com o “shutdown”, milhares de funcionários públicos foram colocados em licença não remunerada. Serviços essenciais seguem ativos, mas sem garantia de pagamento imediato.

Entre os setores mais afetados:

  • Aviação: a Administração Federal de Aviação (FAA) enviará 11 mil funcionários para casa. Cerca de 13 mil controladores de tráfego aéreo trabalharão sem salário, aumentando o risco de atrasos e caos nos aeroportos.

  • Turismo: ícones como a Estátua da Liberdade, em Nova York, e o National Mall, em Washington, devem fechar as portas. Parques nacionais, museus e zoológicos federais também terão serviços suspensos.

  • Segurança nacional: cerca de 2 milhões de militares permanecem em seus postos, mas mais da metade dos 742 mil civis do Pentágono será afastada. O FBI, a Guarda Nacional e a patrulha de fronteiras continuam operando.

Memória recente: quando o muro de Trump travou o país

O último “shutdown” ocorreu entre 2018 e 2019, no primeiro mandato de Trump. Na época, a paralisação durou 35 dias e custou US$ 3 bilhões à economia americana. O motivo: a exigência do ex-presidente de financiar a construção de um muro na fronteira com o México.

Consequências econômicas e sociais

Além de atrasos em voos e fechamento de pontos turísticos, a paralisação ameaça:

  • Suspender ou limitar operações de tribunais federais e da Receita Federal.

  • Atrasar divulgação de dados econômicos cruciais.

  • Prejudicar pequenos negócios que dependem de empréstimos federais.

Programas sociais, como aposentadorias e benefícios por invalidez, seguem ativos, mas podem sofrer atrasos se o impasse se prolongar.

Um jogo de poder com reflexos globais

A crise revela muito mais que uma disputa orçamentária: trata-se de um embate político às vésperas das eleições de 2026, com Trump transformando o shutdown em arma de pressão contra os democratas.

Enquanto os dois lados se acusam, o mundo assiste à maior potência global paralisada pela própria divisão interna.

Maria Paula Carnelossi

Por: Maria Paula Carnelossi | Folha Regional

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