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Ministro do STF revela detalhes de plano golpista e liga Bolsonaro à organização criminosa.

STF inicia julgamento do núcleo central da trama após eleição de 2022

O ministro Alexandre de Moraes começou na manhã desta terça-feira (9) o voto no julgamento que analisa a participação de oito réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no que o Supremo Tribunal Federal (STF) classificou como uma tentativa de golpe após as eleições de 2022, culminando nos atos de 8 de Janeiro.

“Não há dúvida de que houve tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe e organização criminosa”, afirmou Moraes, que é relator do processo.

Bolsonaro apontado como líder dos atos executórios

Durante seu voto, Moraes detalhou como Bolsonaro teria liderado atos executórios desde 2021, incluindo a famosa live contra as urnas eletrônicas em julho daquele ano e a entrevista de 3 de agosto, em que alegava supostas fraudes na votação.

Segundo o ministro, tais ações configuram ameaças públicas à Justiça Eleitoral e foram amplamente divulgadas, contribuindo para a disseminação de desinformação. Moraes também citou a agenda apreendida com o ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, como evidência do planejamento golpista:

“Não é razoável achar normal que um general do Exército, quatro estrelas, tenha anotações golpistas em sua agenda”, afirmou o relator.

Estrutura do julgamento

Após o voto de Moraes, os demais ministros da Primeira Turma do STF se manifestarão, seguindo a ordem: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A expectativa é que o voto do relator dure cerca de quatro horas, abordando as acusações contra Bolsonaro e os outros sete réus do núcleo central.

A sessão desta terça-feira seguirá até as 19h, com o julgamento sendo retomado na quarta-feira (10), pela manhã. O cronograma inclui sessões extras na quinta-feira (11) para garantir que o processo tenha continuidade sem interrupções.

Defesa busca nulidades e Moraes mantém delação

Antes de iniciar a leitura do voto, Moraes negou pedidos da defesa para anular o processo por questões preliminares, incluindo a contestação da delação do tenente-coronel Mauro Cid, que alega ser fracionada.

“Beira a litigância de má-fé afirmar que os depoimentos sejam oito diferentes delações”, disse Moraes, reforçando que a divisão dos depoimentos foi estratégica da Polícia Federal para abordar diferentes fatos.

A pacificação do país e a defesa da democracia

Em um tom firme, o ministro ressaltou a importância de punir os responsáveis e fortalecer as instituições:

“A pacificação do país depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições. Não se pode confundir pacificação com impunidade, que seria incentivo a novas tentativas de golpe de Estado.”

Moraes destacou que o tribunal julga sem interferências externas e que ignora quaisquer tentativas de obstrução do processo.

Próximos passos

O julgamento segue ao longo da semana, com expectativa de voto longo de Luiz Fux, que deve apresentar contrapontos às alegações de Moraes. O objetivo do STF, segundo o relator, é concluir o processo de forma célere e sem interrupções, reafirmando a proteção à democracia e às instituições brasileiras.

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