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Gêmeas unidas pela cabeça passam por 2ª cirurgia de separação em Ribeirão Preto

Operação complexa deve durar oito horas e mobiliza mais de 40 especialistas.

Nova etapa de um desafio histórico da medicina brasileira

As gêmeas Heloísa e Helena, de São José dos Campos (SP), nascidas unidas pela cabeça, passaram neste sábado (8) pela segunda etapa da cirurgia de separação no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP). O caso é considerado um dos mais complexos da neurocirurgia pediátrica mundial e integra um protocolo médico rigoroso desenvolvido ao longo dos últimos anos pela USP.

A operação começou às 7h da manhã e tem previsão de durar aproximadamente oito horas. Esta é a fase mais delicada do processo inicial de separação das estruturas que conectam os crânios e os cérebros das irmãs.

Cinco etapas e tecnologia avançada: a engenharia da separação

O plano cirúrgico, elaborado desde 2024, utiliza modelos tridimensionais, realidade aumentada e simulações exatas dos tecidos compartilhados pelas meninas. O método, desenvolvido pela equipe do HC e aperfeiçoado em casos anteriores, é dividido em cinco fases, realizadas em intervalos de meses para permitir cicatrização, adaptação e segurança máxima.

As quatro primeiras etapas envolvem:

• Separação progressiva de vasos sanguíneos
• Divisão dos tecidos e estruturas ósseas
• Inserção de enxertos ósseos
• Colocação de expansores de pele

Na etapa final, prevista para o segundo semestre de 2026, ocorre a cirurgia plástica reconstrutiva para fechamento completo das áreas separadas.

Mais de 40 profissionais, entre neurocirurgiões, cirurgiões plásticos, pediatras, anestesistas e especialistas em imagens, participam do procedimento, sob coordenação do professor Jayme Farina Junior, referência nacional na área.

Imagem em 3D mostra como gêmeas, que serão separadas no HC em Ribeirão Preto (SP), estavam na barriga da mãe, em novembro de 2023. — Foto: Reprodução/EPTV

Imagem em 3D mostra como gêmeas, que serão separadas no HC em Ribeirão Preto (SP), estavam na barriga da mãe, em novembro de 2023. — Foto: Reprodução/EPTV

Primeira cirurgia: oito horas de precisão e esperança

A primeira etapa, realizada em 23 de agosto, também durou cerca de oito horas e marcou o início da separação gradual das estruturas intracranianas das meninas, que hoje têm 1 ano e 10 meses.

A equipe médica considera o caso um avanço contínuo da medicina de alta complexidade, que exige sincronização milimétrica entre especialistas e tecnologia de ponta.

Ribeirão Preto: um centro que virou referência nacional

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto se consolidou, em apenas sete anos, como um dos maiores centros brasileiros em procedimentos de separação de gêmeos craniópagos.

O caso de Heloísa e Helena é o terceiro conduzido pela instituição.

Expectativa e cautela: longa jornada até 2026

Com a segunda etapa concluída, a equipe reforça que o processo é longo, cirúrgico e emocionalmente desafiador para todos. A próxima fase deve ocorrer após meses de recuperação.

A previsão é que o ciclo completo seja encerrado até o segundo semestre de 2026, quando as irmãs estarão prontas para a reconstituição dos tecidos e, finalmente, para uma vida independente.

Maria Paula Carnelossi

Por: Maria Paula Carnelossi | Folha Regional

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