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Conversa entre Lula e Trump sinaliza reaproximação cautelosa entre os dois governos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, nesta segunda-feira (6), com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio ao impasse comercial gerado pelas novas tarifas impostas a produtos brasileiros. O contato, que durou cerca de 30 minutos, ocorreu no Palácio da Alvorada e contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de ministros das pastas da Fazenda, Relações Exteriores e Comunicação.

Durante a conversa, Lula convidou Trump para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA). O presidente brasileiro também reforçou o pedido para que o governo norte-americano reveja o tarifaço de 50% aplicado a parte significativa das exportações nacionais. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o diálogo foi “positivo e construtivo”.

A comunicação direta entre os dois líderes ocorre após um breve contato na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, quando Trump mencionou publicamente a possibilidade de um encontro presencial. Na ocasião, ambos disseram ter sentido “boa química” e manifestaram interesse em avançar nas relações bilaterais.

De acordo com o Itamaraty, a ligação teve o objetivo de identificar pontos de convergência nas áreas de comércio, tecnologia e meio ambiente, além de buscar um reequilíbrio nas relações diplomáticas. Lula reiterou que a soberania e a independência do Judiciário brasileiro não estão em pauta, mas destacou que o país segue aberto ao diálogo econômico e à cooperação internacional.

Desde o anúncio das sobretaxas, o governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa. Diplomatas reconhecem que a relação com Trump é marcada por instabilidade e mudanças de posicionamento, o que exige prudência nas negociações. Mesmo assim, o Planalto avalia que a retomada do diálogo direto representa um avanço e pode abrir espaço para uma solução negociada.

O tarifaço, determinado por Trump desde o início de agosto, afeta cerca de 36% das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Embora o presidente norte-americano alegue motivos econômicos, analistas afirmam que as medidas têm forte componente político, refletindo disputas internas e pressões ligadas ao caso do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A conversa telefônica entre Lula e Trump é vista, portanto, como um primeiro passo para reaproximar Brasília e Washington — e para tentar amenizar os impactos econômicos e diplomáticos de uma das maiores tensões comerciais dos últimos anos.

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