“Ele nem gostava de brincar disso”: adolescente morre após ser pressionado em ‘lutinha’ entre amigos
No domingo (2/11), em Residencial Triunfo II, em Goianira (Região Metropolitana de Goiânia), o adolescente Carlos Emanuel Milhomem Soares, de apenas 14 anos, perdeu a vida depois de participar de uma “lutinha” — uma disputa corpo a corpo que se apresenta como brincadeira, mas que se mostrou fatal.
Segundo um amigo da vítima, a participação de Carlos Emanuel não decorreu de vontade própria. Ele “aceitou” porque foi provocado pelos demais garotos:
“Estavam colocando pilha nele, aí entrou no psicológico dele … tinha muita gente chamando ele para ir.”
Em suas próprias palavras: “Ele nem gostava de brincar disso”.
Essa pressão — de amigos, de grupo, de “ter que mostrar coragem” — custou caro.
O golpe, o colapso e a corrida contra o tempo
A situação evoluiu de “brincadeira” para tragédia em instantes: durante a “lutinha”, Carlos Emanuel sofreu um golpe — reportado ora como no abdômen, ora no pescoço — caiu, passou mal e foi socorrido.
A equipe médica registrou oito paradas cardíacas da vítima enquanto ela era atendida.
Mesmo após o atendimento em um hospital da cidade e a transferência para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL), em Goiânia, Carlos Emanuel não resistiu aos ferimentos.
Investigação em andamento: quem responde por essa morte?
A Polícia Civil de Goiás registrou o caso como homicídio culposo — ou seja, sem intenção deliberada de matar — em desfavor do adolescente de 16 anos diretamente envolvido.
Além disso, três jovens maiores de idade foram autuados por incitação à violência e corrupção de menor, por terem incentivado a “lutinha”.
Até o momento, os maiores foram liberados pelo Poder Judiciário, e o laudo da causa oficial da morte ainda não foi divulgado.
Reflexão urgente: “brincadeira” ou risco banalizado?
Há algo que vai muito além do fato isolado: a cena se repete com força entre adolescentes — a luta informal, o “vamos ver quem é homem”, o empurrão psicológico de uma multidão ou de amigos para que se entre no jogo.
“Ele nem gostava de brincar disso” deveria tocar como alerta: esse tipo de pressão pode transformar algo que parece desaforo juvenil em fim de vida.
Enquanto famílias choram, autoridades investigam e a comunidade se pergunta — até quando se permitirá que “brincadeiras” sejam ignoradas como riscos?
Conclusão: memória de um garoto que não queria estar ali
Carlos Emanuel foi levado a isso por influência — ele mesmo foi testemunha desse empurrão psicológico. Morreu jovem, em circunstâncias que exigem mais do que repercussão: exigem mudança de postura.
Enquanto o laudo pericial não sai e o caso segue em investigação, fica o registro de uma vida interrompida e o alerta para que “brincadeiras” entre adolescentes não sejam subestimadas.

