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Tragédia em Curitiba: Idosa morre após procedimentos estéticos feitos por estudante de biomedicina

Silvana de Bruno, 66 anos, acreditava estar em boas mãos — mas o que seria um tratamento de beleza terminou em tragédia

A Polícia Civil do Paraná investiga as circunstâncias da morte de Silvana de Bruno, de 66 anos, após complicações decorrentes de uma sequência de procedimentos estéticos realizados por um estudante de biomedicina, em Curitiba.
O caso chocou familiares, amigos e acendeu um alerta sobre os perigos dos atendimentos estéticos irregulares.

Promessa de beleza, resultado fatal

De acordo com a investigação, o jovem Erick Avelaneda Ferreira de Souza, de 21 anos, teria se apresentado à vítima como dentista e biomédico — títulos que, segundo a polícia, ele não possuía.
Em maio deste ano, ele realizou em Silvana uma série de procedimentos invasivos, entre eles plasma facial, lipo de papada e lipoenxertia nos seios — este último, o mais grave e que acabou sendo fatal.

“Ele começou com o plasma facial, depois fez a lipo de papada, que exige formação médica. O último foi o enxerto de gordura nos seios, após o qual ela começou a sentir fortes dores e inflamações”, explicou a delegada Camila Cecconello, responsável pelo caso.

Dias depois, Silvana foi internada em um hospital da capital. Os médicos precisaram realizar uma mastectomia total, retirando completamente as mamas e parte do tecido torácico.
Mesmo após os esforços da equipe médica, a vítima não resistiu a um choque séptico e infecção generalizada, falecendo no início de outubro.

Consultórios alugados e atendimentos clandestinos

As investigações revelaram que Erick não possuía clínica própria. Ele alugava salas comerciais por diárias em diferentes bairros de Curitiba — Centro, Campo Comprido e Cabral — onde realizava os atendimentos.

Durante uma ação conjunta da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária, os agentes encontraram seringas, medicamentos e materiais cirúrgicos no local, todos apreendidos para perícia.
A suspeita é de que o jovem atuava dessa forma há pelo menos oito meses, sem registro profissional e sem qualquer supervisão médica.

Crime e silêncio

Erick Avelaneda foi ouvido pela polícia, mas optou por permanecer em silêncio. Ele é investigado por exercício ilegal da medicina e homicídio doloso, quando há assunção do risco de causar a morte.
Se condenado, ele poderá pegar até 30 anos de prisão.

“O que ele fazia eram procedimentos de altíssimo risco, sem habilitação, em ambiente inadequado. É uma tragédia que poderia ter sido evitada”, ressaltou a delegada Cecconello.

As autoridades agora investigam possíveis outras vítimas e buscam descobrir como Erick obteve acesso aos medicamentos e equipamentos utilizados nos atendimentos.

A força das redes sociais e o perigo do falso profissional

A polícia apurou que Silvana conheceu o suposto biomédico por meio das redes sociais, onde ele divulgava vídeos e fotos de “resultados” de preenchimentos labiais, lipo de papada e outros procedimentos.

“Ele se apresentava como dentista, biomédico e até médico, mas não tinha formação em nenhuma dessas áreas”, afirmou a delegada.

O Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) confirmou que Erick não possui registro profissional. Segundo o presidente da entidade, Thiago Massuda, uma denúncia anônima já havia sido feita no início de 2025 contra o suspeito.
O conselho encaminhou o caso ao Ministério Público, que deve investigar o exercício ilegal da profissão.

Conselho faz alerta à população

O presidente do CRBM reforça o alerta aos cidadãos sobre a importância de verificar o registro dos profissionais antes de realizar qualquer procedimento de estética ou saúde.

“Vivemos uma era em que até imagens de resultados podem ser manipuladas com inteligência artificial. É fundamental confirmar se o profissional tem registro ativo no site do conselho”, destacou Massuda.

Reflexão e alerta social

A morte de Silvana expõe uma dura realidade: o crescimento descontrolado de pseudoprofissionais que vendem promessas de beleza rápida nas redes sociais.
O caso reacende a discussão sobre a fiscalização do setor estético e os riscos de confiar em perfis sem credenciais verificadas.

Enquanto a família de Silvana busca justiça, a sociedade é lembrada de que um clique pode custar uma vida.

📞 Denúncias e informações podem ser repassadas à Polícia Civil do Paraná pelo telefone 197, ou de forma anônima pelo Disque-Denúncia 181.

Maria Paula Carnelossi

Por: Maria Paula Carnelossi | Folha Regional

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