Arlindo Cruz parte deixando história e poesia no samba
Arlindo Cruz, um dos maiores nomes do samba brasileiro, faleceu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. O músico estava internado no CTI da Casa de Saúde São José, tratando uma pneumonia, mas não resistiu às complicações. A família confirmou a triste notícia, que deixa um vazio imenso no mundo da música.
Ícone da cultura popular, Arlindo enfrentava, desde 2017, as sequelas de um acidente vascular cerebral hemorrágico, que mudou radicalmente sua rotina e interrompeu sua carreira. Ao longo desses anos, conviveu com limitações motoras, realizou diversas cirurgias e precisou de cuidados constantes, mas manteve vivo o carinho e a conexão com seus fãs.
Dono de uma obra que atravessa gerações, Arlindo Cruz compôs clássicos como Meu Lugar, O Bem, Será Que É Amor e O Show Tem Que Continuar. Sua trajetória começou no início da década de 1980, nas rodas de samba do Cacique de Ramos, onde dividiu espaço com nomes como Jorge Aragão e Almir Guineto. Mais tarde, brilhou no grupo Fundo de Quintal, consolidando-se como um dos grandes poetas e melodistas do gênero.
Em carreira solo, firmou parcerias marcantes — como com Sombrinha, com quem lançou cinco álbuns — e conquistou reconhecimento nacional, especialmente com o DVD MTV Ao Vivo: Arlindo Cruz (2009), que vendeu mais de 100 mil cópias. No carnaval, também fez história, compondo sambas-enredo para escolas como Império Serrano, Grande Rio e Vila Isabel.
Seu último trabalho, Pagode 2 Arlindos (2017), foi gravado ao lado do filho Arlindinho, celebrando a herança musical que deixa para o Brasil.
Arlindo Cruz parte deixando um legado de poesia, alegria e resistência, eternizado em suas canções e na memória afetiva de milhões de admiradores. O samba perde um mestre, mas sua voz e suas melodias continuarão a embalar corações.
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